terça-feira, 6 de maio de 2008

Blues




Ah, o blues... este é um dos meus ritmos musicais prediletos, em geral sou um fã de música negra, mas, o é o que mais me prende a atenção, não sei é pela habilidade dos musicos ou pela sua raiz histórica.
O blues é um ritmo tipicamente estadunidense nascido realmente em fins do século XIX devido a fusão das Work Songs (canções de trabalho) cantadas pelos escravos nas plantações de algodão no Mississipi, Alabama, Lousiana e Georgia com os hinos gospels cantados nas igrejas em louvor a Deus.
O blues para mim é muito peculiar, é uma das poucas artes que consegue transformar a tristeza - blue em inglês é literalmente tristeza - em beleza seja esta tristeza vindo de um coração partido, de desilusão com a vida ou até mesmo uma tristeza sem sentido.
O blues começou a ser difundido como música em fins do século XIX após o fim da guerra civil, era uma música que retratava o espírito da população afro-americana dos EUA naquela época. No início do XX o ritmo começa a ganhar uma maior notoriedade, data de 1903 o aparecimento do primeiro blues que se tem notícia St. Louis Blues, entretanto, o blues é geralmente interpretado como uma evolução musical do que o surgimento de uma música propriamente dita.
Em meados da década de 1920 o blues começa a produzir seus grandes nomes da primeira fase (fase acústica ou delta blues): Son House, Willie Brown, Leroy Carr, Bo Carter, Silvester Weaver, Blind Willie Johnson e Tommy Johnson. Porém é na década de 1930 que surge aquele que até hoje é considerado o maior bluesman de todos os tempos, Robert Johnson (1911-1938). Apesar de Johnson ter gravado apenas 29 músicas, estas são os maiores clássicos do blues de todos os tempos como Sweet Home Chicago, Crossroads, entre outros. Várias histórias rondam a vida de Robert Johnson. Reza a lenda que ele fez um pacto com o diabo para ser o maior guitarrista de blues da história, o fato dele ter passado seis meses desparecido colaboraram para alimentar o mito e Johnson não fazia força para desmentir os boatos e a morte dele também colaborou para o aumento do mito, ele morreu envenenado por um marido ciumento, uma dose de uísque envenenada para aprender a não mexer com a mulher dos outros, a dor o fez morrer de quatro pés o que contribuiu para aumetar a versão que este teria sido o preço cobrado pelo 'chifrudo' pelo pacto, este história deu igem ao filme 'A encruzilhada' (1989).
A década de 1940 marca uma renovação no blues, uma intensa migração do delta do Mississipi para a 'cidade dos ventos', Chicago, esta migração marca também a mudançado blues acústico do delta blues para o blues altamente eletrificado conhecido com blues de Chicago, esta fase é representada principalmente por Muddy Waters, B. B. King, John Lee Hooker e Buddy Guy. O vídeo postado acima é de uma dos maiores ícones desta fase, Albert King, esta é também das minhas músicas favoritas e na minha opinião incorpora bem o espírito do blues, Born Under a Bad Sign incorpora o espírito melancólico do blues com as lamentações de dizer que nasceu sob um mal sinal e a única sorte que ele teria seria a falta dela.
O blues de Chicago representou uma grande influência no nascente rock inglês (e americano também), Eric Clapton, os Rolling Stones, Jimi Hendrix, Led Zeppelin sendo estes as maiores figuras do rock inglês tinham uma verdadeira devoção pelo blues de Chicago, especialmente pelo Muddy Waters. Alguns chegaram até a regravar clássicos dos bluesmen de Chicago.
O apogeu do rock na década de 1970 marca certa decadência no blues apesar da imensa influência, reconhecida por alguns dos mais influente 'rockeiros' como Jimi Hendrix que em sua curata carreira fez 'jam sessions' com B.B. King e Albert King, e dos bons frutos colhidos na década de 1960. Ainda hoje muitas pessoas que gostam de rock não percebem que o blues é uma espécie de 'pai do rock'.
Depois de amargar um pouco de esquecimento durante a década de 1970 e ter perdido espaço para a disco music, o blues faz mais um retorno desta vez personificado na figura de Stevie Ray Vaughan, seus sucessos como Texas Flood fazem todo um ritmo renascer de uma forma diferente, a fusão do ritmo de Chicago com uma veia texana dançante e o visual de cowboy deram uma roupagem nova ao ritmo que já beirava os 100 anos. Este renascimento levou ao ressurgimento de figuras há muito esquecidas como B.B. King, Eric Clapton e Muddy Waters que nesta época gravaram ótimos discos e fizeram parcerias com a nova geração. O último show do próprio Stevie Ray foi magistral, na tarde de 26 de agosto de 1990 tinha se apresentado com irmão Jimmie, Eric Clapton, Buddy Guy e Robert Cray e executaram de forma antológica Sweet Home Chicago do Robert Johnson.
A década de 1990 foi reveladora para o blues, meninos brancos de classe média provaram que não é preciso ser sofredor e iletrado para fazer blues de qualidade, B.B. King consolida seu nome como maior bluesman vivo fazendo performances magistrais e mostrando vitalidade mesmo beirando os oitenta anos.
Em 2000 Eric Clapton grava riding with the king em parceria com B.B. King e achando pouco grava em 2004 um disco em homenagem a Robert Johnson só com músicas deste chamado me and the mr. Johnson onde ele mostra toda a influência que os discos velhos que seu avô tinha de Robert Johnson representou para ele.
Já disse que é um dos meus estilos musicais favoritos, enquanto o ser humano puder e tiver vontade de mostrar seus sentimentos com uma guitarra falando sobre sua tristeza, sua alegria e o amor de uma forma melancólica ainda vai existir o blues.

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