segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

O Egito e a possibilidade de mudanças


Desde o final do ano passado e início deste, o Mundo Árabe está em polvorosa com uma onda de protestos que exigem reformas democráticas e mais liberdade para o povo e que até agora já derrubou os governos da Tunísia e do Egito com expectativas mais mudanças possam acontecer por aí.

O Mundo Árabe e o Oriente Médio nunca foram bolsões da democracia no mundo. Mas, o que vem acontecendo nos últimos meses não têm precedentes nas história recente.

Os governos do mundo árabe em geral foram formados após a independência destes países após a década de 1920 ou segunda guerra mundial (1939-1945) com 'ajudas' de países representantes da ideologia capitalista (EUA e Europa Ocidental) ou 'comunista' (URSS e países com ela alinhados). O resultado da polarização da guerra fria foi o surgimento de diversas ditaduras que vem sobrevivendo ao passar dos anos mesmo duas décadas após o fim da guerra fria sendo governos com altos índices de corrupção e, mesmo assim, não era comum observar movimentos populares com o objetivo de derrubar esses governos como aconteceu na América Latina em fins da década de 1980.

Todavia, no final do ano passado, a chamada Revolução de Jasmim muda o cenário, a Tunísia, país árabe fracófono o qual não possuía antecedentes de manifestações populares começa a registrar pedidos veementes de fim governo por vários motivos: corrupção, crise ecnômica, abuso de poder onde o autossacrifício de um vendedor ambulante que se negou a continuar cooptado pelos métodos do governo e incendiou-se serviu como combustível para exigir de forma mais veemente a queda do presidente Ben Ali.

Após a Tunísia o movimento alastrou-se pelo Egito onde o Hosni Mubarak viu-se forçado a deixar o poder depois de 30 (trinta) anos de domínio inconteste e tudo indica que tais movimentos alastrar-se-ão por mais alguns países árabes.

Venho pensando até que ponto a queda do presidente foi um 'bom negócio' para os egípcios.

Em primeiro lugar, longe de mim defender qualquer tipo de ditadura, mas, reflitamos de forma mais sóbria sobre os fatos.

A primeira atitude da junta governativa do Egito (que assumiu o papel de um governo privisório) foi a de suspender a Constituição e esta ação tem duas linhas argumentativas que podemos seguir.

Podemos pensar que foi uma boa atitude, pois, sendo uma constituição fraudada por Mubarak, seria um entulho autoritário a ser varrido da história. Mas, por outro lado, sabe-se que a Constituição é o documento jurídico que fornece linhas mestras em relação à forma de organização do Estado e também apresenta as garantias que servirão de defesa da sociedade contra o Estado. Vem o dilema, melhor com ou sem constituição?

Como eu disse, o governo provisório vem sendo exercido por uma junta militar. Ora, ainda há traços da influência de Mubarak aí uma vez que o próprio era um militar. Para quem não se lembra, na época do governo de Anwar al Sadat (1970-1981) ele era o general vice presidente e n. 2 na linha sucessória e quando Sadat foi assassinado, galgou o governo.

Sendo o ex-ditador um general ele ainda deve possuir influência sobre os militares que governam o país provisoriamente, mas, acredito que este governo é o único possível atualmente para que o Egito não caia numa situação geral de anarquia.

Acredito que uma série de cuidados devem ser tomados a partir de agora tais como a criação de partidos políticos, a realização de eleições livres fiscalizadas por organismos internacionais, uma nova constituição para o país, surgimento de um regime realmente democrático.

Continuo a olhar com desconfiança a irmandade muçulmana. Acredito que no fundo ela quer transformar o Egito num Estado Islâmico como o Irã, ato este que o ocidente deve tentar impedir, não seria interessante a repetição de um movimento retrógrado como o que aconteceu no Irã cerca de trinta anos atrás.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Tentando voltar

Galera (se é que alguém me visita), tô tentando me redimir da abandono que ronda este espaço há alguns meses.