quarta-feira, 30 de abril de 2008

Estética

Nunca dei muita atenção aos padrões estéticos. Vai ver que era por não me enquadrar muito neles ou pelo fato de sempre ter tido consciência de sua fugacidade e da existência de valores transcendentes que não se esvaiam no tempo como a estética exterior.
Cada dia que se passa vejo uma coisa que muito me preocupa, a banalização dos valores e a ascensão demasiada de valores não tão importantes se comparados com outros. Depois de muito tempo relutando, tive de voltar a fazer algum exercício físico, não por vaidade, mas sim por necessidade já que estava ficando, digamos, muito 'roliço'. Dentre os esportes escolhi um que nunca me identifiquei muito, a musculação, mas, já que era quase uma opção única foi ele o eleito. O que observo quando vou à academia é algo que me preocupa muito adolescentes (meninos e meninas) que mal entraram na puberdade (se é que entraram) iniciando uma espécie de 'culto ao corpo'. Me pergunto: minha nossa, eles deviam barrar pessoas abaixo dos 15 anos para esta atividade física, mas a tal 'liberdade de mercado' sempre acaba atropelando as coisas.
Fico imaginando o que se passa na cabeça desses jovens, se acham que promover um culto à boa forma, modelar bem o corpo é o melhor que eles podem fazer. Por que eles não buscam se destacar entre as pessoas por motivos mais notáveis como a inteligência, o voluntarismo e a bondade para com o próximo? Mas, claro que não, para que exercitar valores nobres se a sociedade apenas consagra valores 'plásticos'?
Vivemos numa sociedade como bem dizia Herbert Marcuse (1898-1979), vivemos numa sociedade de 'via única', onde a única saída é seguir as opções dadas pelo sistema, não acatar uma das opções oferecidas por esta liberdade emulada seria ser excluído pelo sistema e um passo para tornar-se um 'pária' social, como ninguém gosta de ser um exluído e ficar a margem de tudo, a maioria de nós abraça as opções desta falsa liberdade e promove o que eu chamaria de culto à plasticidade.

Um comentário:

Dany Melo disse...

Pois bem, Dr. Luiz Elias (o Dr. É só pra te irritar mesmo), antes de qualquer comentário preciso, mais uma vez, aplaudi-lo por mais um belo, oportuno e inteligente texto.

Engraçado é como, neste caso, minha opinião converge com a sua. Talvez pelos mesmos motivos apontados por você.

Muito triste fico quando observo pessoas, até próximas de mim, se esvaziarem das belezas que realmente se perpetuam na vida, para dar espaço ao “culto ao corpo”. Acabam confundindo o ato de se cuidar, cuidar da saúde com os devaneios de tentar ser uma Estrela de Tv com PHOTOSHOPS...rsrs. É PHoda!

Agora que eu já sei onde encontrar “coisa boa” vou sempre dar uma passadinha aqui, meu caro amigo. Sucesso!

Dany