segunda-feira, 28 de abril de 2008

Pequim 2008


Dia 8 de agosto começam os jogos olímpicos, desde a antiga Grécia os jogos olímpicos representavam um período de paz entre os inimigos, um espetáculo de fraternidade entre as nações. Os jogos olímpicos a serem sediados na China este ano envolvem-se em diversas controvérsias, agravadas ainda mais pela crise tibetana a qual arrasta-se desde o início de março.
Além da crise do Tibete, iniciada no aniversário dos 49 anos de ocupação chinesa na região, outros pontos polêmicos sobre estas olimpíadas devem ser tocados.
Antes de tudo a questão da democracia na China. Em outros tempos o COI tinha preferência em realizar os jogos em países que cultivassem a democracia e respeitassem os direitos humanos, isso não foi relembrado na escolha da China como país-sede. Sabe-se que a China vive imersa numa ditadura brutal há quase 60 anos, onde o poder central não demonstra a menor preocupação para com o respeito aos direitos humanos, é comum as denúncias de execuções com tiros na nuca e acusações sem o devido direito de defesa. Lembro-me bem quando da eclosão da guerra civil iugoslava em 1990 a Federação da Iugoslávia foi proibida pelo COI e pela FIFA de participar de qualquer competição esportiva, o mesmo aconteceu com a África do Sul, enquanto durou o regime do Apartheid (1948-1994) a mesma foi impedida de participar de comeptições organizadas por estes entes. Então, se esta proibição de participação a países que vivem em regimes de exceção ou em desrespeitos aos princípios universais dos direitos humanos? A resposta é uma só: lucro. A China caminha em passos largos para se tornar a maior economia do planeta, imagine um mercado consumidor violentamente grande e ávido como o chinês consumindo as olímpíadas representa um lucro de dezenas (ou até milhares) de bilhões de dólares para os cofres do Comitê Olímpico Internacional e empresas ligadas à realização dos jogos.
Então, vemos que uma vez mais o poder do dinheiro cega as entidades de deveriam primordialmente promover o espírito de paz e fraternidade que os esportes deveriam promover e, principalmente as olimpíadas.
Um ministro francês sugeriu pelo imprensa que o governo de seu país promovesse o boicote à abertura dos jogos, que sempre é uma festa de índole política onde comparecem vários chefes de Estado e China tentará mostrar sua grandeza maximizando suas qualidades e ocultando seus defeitos. Dias depois desta sugestão, o ministro volta às câmeras para se desmentir e dizer qu foi mal interpretado, no mínimo deve ter levado um puxão de orelhas do primiro-ministro Nicolas Sarkozy.
Esperos que os atletas não deixem por menos e elaborem protestos contra o governo chinês e contra a ocupação violenta do Tibete. Os atletas já provaram algumas vezes que sabem fazer uso político bem intencionado dos jogos, a prova disto foi nos jogos da Cidade do México em 1968 onde Tommie Smith e John Carlos, dois atletas medalhistas dos EUA, fizeram a saudação "black power", braço estendido com o punho enluvado e fechado, durante a cerimônia de premiação da modalidade em protesto contra o racismo e a situação civil dos negros nos EUA. O Comitê Olímpico Internacional baniu-os dos jogos. Em 2000 em Sidney a velocista de origem aborígene Cathy Freeman protestou contra o desdém de seu país natal em relação a um dos grupos étnicos mais antigos do mundo e ao vencer a prova dos 400m levou ao pódio a bandeira do movimento aborígene.
O primeiro exemplo das possíveis manifestações que podem acontecer deu-se no show que a cantora islandesa Björk realizava em Hong Kong, no meio show onde ela vestia a bandeira do Tibete, durante um solo de guitarra, a cantora grita: "liberdade para o Tibete, viva o Dalai Lama!". Por causa disso a islnadesa foi expulsa do país, mas, veremos quais tipos de manifestações podem acontecer durante os jogos, mas, independentemente de qualquer coisa, torço pela resolução da questão tibetana da melhor forma possível: a liberdade.


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