quarta-feira, 23 de abril de 2008













Esta Imagem é simplesmente umas das mais antológicas cenas do cinema em todos os tempos. A presente cena está no filme "Os Dez Mandamentos" (EUA: 1956, The Ten Commandments) uma obra prima do diretor Cecil B. DeMille (1881-1959). Nesta cena Moisés - interpretado magistralmente por Charlton Heston (1923-2008) - abre o Mar Vermelho para que o povo Hebreu atravesse-o e deixe 400 anos de escravidão definitivamente.
Assisti este filme esta semana, após achá-lo entre os dvds do meu tio na casa do meu avô durante um almoço de família para comemorar os 93 do último.
Este filme me fez refletir sobre várias coisas, não necessariamente nesta ordem: lei, liberdade, política, religião, Deus...
O Judaísmo é a mais antiga das religiões monoteístas tendo uma história de mais de 5 mil anos e teve como remoto fundador Abraão. O interessante é que a duas outras grandes religiões monoteístas do mundo (cristianismo e islamismo) também reconhecem Abraão como patrica além de partilharem de figuras comuns no panteão de grandes nomes (Abraão, Noé, o próprio Moisés e alguns profetas).
Assistir este filme me fez de uma conversa tida algumas semanas atrás do departamento de filosofia da UFPB, uma professora espanhola - a qual não recordo o nome neste momento - fez um comentário interessante ao falar de política e religião: a Igreja Católica não tem um projeto político definido, ao contrário do judaísmo, este sim tem um projeto político terreno definido, ao contrário do catolicismo, que apenas possui projeto político metafísico em tese.
Tenho de concordar, diferentemente da religião católica, o judaísmo tem um projeto político bem definido, inclusive, no judaísmo política e religião sempre confundiram-se desde sua gênese.
A partir da aliança com Abraão a história do judaísmo toma uma conotação extremamente política, ou, se preferirem, teológico-política já que a política judaica tem uma conotação de continuação dos desígnios divinos.
Aliás, falando em judaísmo, a ciência jurídica deve muito a esta religião, o sistema jurídico (assim como grande parte dos valores da sociedade ocidental) sofreu muita influência desta religião que tem entre seus grande nomes (o próprio Moisés) um grande legislador.
Outra questão levantada pelo filme é a questão da liberdade, isto me faz pensar: somos realmente livres? Ou a liberdade é uma mera concessão relativa feita pelo Estado, que na verdade nos controla de uma forma tão total que até mesmo decide o quanto podemos ou não ser livres?
A problemática do Estado e da liberdade é muito complexa, costumo relacionar o nascimento deste com a violência e a propriedade privada, afinal, sem estes elementos, nunca poderia o Estado alcançar um desenvolvimento tão pleno e longevo como o que tem alcançado até hoje. Uma das principais características do Estado é possuir a legitimidade de manusear a violência sem incorrer em crime (fora nos casos de abuso de poder), ou, como diria Walter Benjamin, a violência institucional que mantem o direito e demais instituições dele derivadas.
A propriedade privada proporcionou a diferenciação social entre detentores e não detentores e ao mesmo tempo, trasnformou o seus detentores em quase que monopolizadores do poder político.
Após essa digressão (que acabou se estendo mais do que devia) a questão principal é esta: estamos submetidos a vários sistemas; Estado, religão, direito, sociedade, dentre outros; e com a preponderância de algumas idéias em relação a outras, no meio deste turbilhão de idéias, madamentos e normas de conduta podemos afirmar que somos realmente livres, iguais e fraternos?

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