domingo, 25 de janeiro de 2009

Obama: o início

Quebro uma vez mais minha promessa de não escrever sobre o Barack Obama, mas, já que ele é a bola da vez, deixe-me voltar atrás e tirar uma casquinha dele também...
EU nunca tinha visto uma cobertura tão ampla de uma eleição para presidente dos EUA, mesmo o escândalo das eleições da Flórida em 2000 - quando não se sabia quem seria o próximo presidente do país mais poderoso do mundo - não chega nem perto da ampla e completa cobertura que foi dada a eleição do ano passado onde Barack Obama vendeu o republicano John McCain.
Após a vitória, um 'sopro de esperança' tomou conta da imprensa, uma onda de euforia com a eleição do primeiro presidente negro de um país onde até 40 anos atrás, eles não podiam votar. Todo dia havia manchetes sobre o presidente eleito e a composição da equipe que estaria trabalhando com ele na casa branca a partir de janeiro de 2009.
Desde John F. Kennedy não se via algo parecido, tanta popularidade de uma presidente estadunidense, Obama foi fenômeno inexplicável até fora de seu país.
Passada a posse, vamos aos trabalhos e, na minha opinião, Obama começou bem, determinando o fechamento da prisão de Guantánamo e suspendendo todos os julgamentos dos acusados de terrorismo pelo prazo de 120 dias.
O começo não poderia ser melhor, fechar o local o que foi um dos maiores alvos de críticas ao governo George W. Bush (2001-2009) por parte de grupos ativistas de direito humanos e por vários juristas, dentre eles, o comentário mais interessante que achei foi o do filósofo italiano Giorgio Agamben, segundo o mesmo, a prisão de Guantánamo era um local onde a 'vida nua' atingia seu ápice e ficava evidente a preponderância do paradigma do Homo Sacer na sociedade pós-moderna, uma fábrica de seres inexistentes para o direito, sem direito sequer aos benefícios do estatuto dos prisioneiros de guerra da convenção de Genebra.
Por outro lado, acredito que ele incorreu num grave erro ao desfazer um ato de George W. Bush e fomentar instituições 'pró-aborto'.
Na minha opinião, o Estado não pode tomar uma postura de incentivar a matança e promover o controle de natalidade por meio de uma mortandade em massa como é a questão do aborto. Com tantos métodos contraceptivos eficientes, qual a justificativa para o cometimento do aborto? Acredito também que o aborto deve ser uma última ratio e em casos extremos, como por exemplo, estupro (como prevê nossa legislação), a necessidade para conservação da vida da mãe ou o caso dos fetos anencefálicos (que apesar de não ser regulado pela nossa legislação, começa a formar-se um entendimento jurisprudencial sobre a possibilidade da interrupção da gravidez nesses casos em nome do princípio jurídico da dignidade da pessoa humana).
Por fim, acho que Obama cometeu um grave deslize ao tomar essa decisão sem uma maior reflexão e, de plano, condenar à morte vários inocentes que, apesar de terem sido concebidos sem responsabilidade, lhes é negado o supremo direito à vida.

Nenhum comentário: