sábado, 8 de novembro de 2008

Yes, we can?



Bem, ele foi o assunto da semana, tinha decidido não escrever nada sobre Barack Obama, mas, não resisti à tentação.
Acho que não consegui resistir a esta tentação tanto pela importância do tema quanto pelo estupor que me causou ontem, ao ir ao trabalho e, no caminho do escritório ver aqui em Recife pixações exultando Obama (em geral as pixações sempre descem o 'sarrafo' nos presidentes dos EUA).
Desde o início da campanha Obama foi tratado como um fenômeno (mesmo quando ainda não era candidato oficial). O fenômeno foi tão grande que nunca tinha visto uma eleição dos EUA dar tanto pano para manga na mídia brasileira.
A eleição de Obama é tratada como uma nova fase na democracia dos EUA, uma luz no fim do túnel e outras expressões dramáticas. Tudo bravatas, não considero a eleição de Obama como algo tão significante, os EUA não vão mudar do dia para a noite, não é porque ele foi eleito que a superpotência intervencionista e opressora vai mudar e, por exemplo, vá perdoar as dívidas dos países africanos das quais são credores.
Não considero a eleição de Obama como algo muito diferente da eleição de Clinton ou da eleição de Lula em 1992. Primeiro de tudo, a eleição dele não foi uma vitória da democracia. Tratam o Obama como se fosse um pobre coitado saído do nada que, decidindo num repente candidatar-se ao cargo de presidente dos EUA num golpe de sorte hoje é o homem mais poderoso do mundo (é assim que a imprensa o vem tratando).
Muito pelo contrário, Obama é um americano típico, não teve de lutar contra a pobreza ou algo parecido. A eleição de Obama é fruto de um bom planejamento, reunião de boas propostas, um bom discurso diferente do republicano ouvido por 8 anos e que causou um desastre na única superpotência global e, consequentemente, no resto do mundo.
Claro que ele tem seus méritos, isto não pode ser negado, ele tem uma retórica fantástica, sabe o que o povo americano quer ouvir, sabe atacar os pontos fracos republicanos e sabe explorar bem pontos que são negligenciados por governos anteriores a ele como a questão ambiental, imigração e tentar finalizar uma guerra impopular que aumenta o défict público.
Enfim, como em toda democracia ocidental, Obama venceu não por suas origens ou por seus méritos, ele venceu sim porque teve um melhor planejamento de campanha, o melhor discurso e, priincipalmente, ele tinha muito dinheiro para gastar em campanha.
Obama não vai ser o Jesus do século XXI, muito pelo contrário, ao chegar na casa branca algumas decisões que ele terá de tomar no início do mandato vão decepcionar muitas pessoas, mas, antes de qualquer coisa, não é salutar nutrir expectativas tão grandes e tão boas sobre ele, afinal, antes de qualquer outra coisa ele será o presidente dos EUA.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Buena Vista Social Club


Desde 1998 o Buena Vista Social Club me intriga, tanto que sou se fã incondicional e confesso, sem nenhum arrependimento.
O documentário dirigido por Wim Wenders (Paris, Texas) é genial, mostra o cotidiano do projeto musical capitaneado por Ry Cooder.
A idéia foi simples, sem intenções comerciais, mas acabou sendo um grande sucesso. Ry Cooder teve a idéia em 1996 de gravar um disco com alguns dos maiores nomes da música cubana do século XX: Compay Segundo, Ibrahim Ferrer, Ruben Gonzales, Elíades Ochoa, Omara Portuondo.
O projeto, por si só teria sido ótimo mesmo se tivesse dado prejuízo, pois, resgatou do ostracismo grandes artistas de uma Cuba que fervilhava de cultura antes de 1959. Por exemplo, Ferrer, antes ds gravações, trabalhava como engraxate nas ruas de Havana.
Mas, felizmente, o projeto conseguiu alçar os participantes à qualidade de mega astros da constelação musical mundial, mostrando que na Ilha da América Central não existe apenas Fidel e opressão.
Esta semana venho me deliciando com o álbum Live at Carnegie Hall o qual comprei há poucos dias.
Só tenho uma palavra para definir o álbum: SOBERBO! Com uma apresentaçao histórica na maior casa de concertos musicais dos EUA, foi uma mostra de como a arte pode sobjulgar a política e como pode a música cubana - não sem muito trabalho - pôde fazer com que muitas pessoas esquecessem o embargo americano ao país 'comunista'.
O álbum é fantástico, lindas músicas executadas por lindas vozes, não tenho como descrever a beleza de músicas como 20 años cantada por Omara Portuondo, dos gardenias cantada por Ibrahim Ferrer ou Y tu, que as hecho? Cantada pelo meu predileto, Compay Segundo.
deixo a recomendação, vale conferir este álbum - que para mim foi um dos melhores projetos musicais dos anos '90 - belíssimo que mostra como a beleza da arte pode fazer que esqueçamos uma vida toda de sofrimento.